sábado, 9 de maio de 2009

crónicas de viagens ou crónicas de caminhadas

“Faz a hora não espera o acontecer” é a marca de água da comandita do “Bot´Andar”, que não espera que aconteça o dia, é tudo estudado a preceito e com a devida antecedência, não vá alguém fazer a hora para outros sítios, e não é que aconteceu mesmo, logo hoje que resolvo trazer à colação (não há cidadão que se preze que não tenha esta máxima à espreita do momento certo para brilhar) este sagrado princípio da programação. Afinal não há antecedência nem preparação prévia que nos valha, eu conto: a caminheira Teresa lembrou-se de avançar, com armas e bagagens, sobre Lisboa, (causa próxima como sói dizer-se em História: o 25 de Abril que está aí a chegar) deixando os caminheiros deste lagunar percurso sem especialistas nestas coisas do ambiente. Curiosos sim, havia muitos, que puxa daqui, puxa dali, lá foram entretendo o pessoal com curiosidades mais ou menos científicas, sobre a fauna e a flora que ia acontecendo ante os nossos olhos, verdadeiramente encantados, senão mesmo extasiados com a beleza desta região. Com tanta conversa, quase que ia deixando os leitores, mais propriamente, os eventuais leitores (acho que agora está melhor) sem norte, perdidos, sem saber onde colocar o pé, mas eu norteio já: desta vez, ou seja, mais exactamente, no dia 4 de Abril, aconteceu o Baixo Vouga Lagunar, percurso com cerca de 10 quilómetros, com um desnível de cerca de 10 metros e com um grau de dificuldade baixíssimo, (segundo a ficha técnica) aliás, propício a um caminhar descansado, fruindo o tempo e o espaço, que nestas coisas das caminhadas, muitas vezes não aparece, é só caminhar, olhos que fitam tão só o ponto do infinito, que é o fim do percurso, uma espécie de papa quilómetros, mas desta vez não, houve tempo para tudo. Sim, digo e afirmo, deu para tudo, para lembrar Luís de Camões,

Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.

Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.

Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.

para lembrar Frederico Garcia Lorca: “Verde que te quiero verde. Verde viento. Verdes ramas…”, admirar o voo dos pássaros, parar junto à comporta, (que afinal é semporta e que obrigou a uma alteração ao percurso, mais exactamente voltar aos passos já passados) olhar os cavalos e as vacas no pastoreio, ouvir o coaxar das rãs, o cantar da carriça, o saltitar do melro, o voo da cegonha, em suma, vimos e ouvimos a natureza em toda a sua magnitude e magnanimidade. Uma miríade de sons, sim, miríade, pois os sons eram também cores, era a beleza aquele momento que pára o tempo e pára no tempo. Por falar em parar vem-nos à ideia: descansar, andar, correr. (o cérebro tem destas coisas, faz associações de ideias, pensa muito)Por falar nem correr: corre o tempo, parece que hoje não corre, vai mais devagar, mas não, o tempo corre sempre com o mesmo tempo. Quem também corre e muito, é o “canito”, não pára um momento quieto, ou melhor, desta vez parou à frente de dois ruminantes: não é que o “Wally”, nome oficial do “canito”, passou-se dos carretos e foi meter-se com duas vacas que se banqueteavam com um delicioso pasto, sujeito a ouvir, ou dito de outro modo, sujeito a levar uma marrada, que só não aconteceu por mero acaso, por mero acaso não, pela acção diligente do caminheiro Alberto, que lá conseguiu convencê-lo a seguir viagem e a deixar-se de habilidades caninas. Mas não, este “canito não se deixa convencer facilmente, é a prova provada da máxima, “o berço o deu a tumba o leva”. É verdade, vejam lá que não contente com isto, o arrojado “canito” meteu-se ou quase que se ia metendo (vá lá, não se meteu, andou pela periferia) do resultado dos processos digestivos dos corcéis que por ali pastaram, do equídeo presente, mesmo ali à pata de semear, ou melhor, às costas de semear. Foi um ver se te avias, aquilo é que foi esfregar-se, rebolar-se, nada que um bom banho não resolva, a água lava tudo, até já lava a alma, pelo menos de alguns. Mas deixemo-nos de angústias, que a caminhada não merece, haja alegria e boa disposição para comungar com a natureza, tão bela, tão perto das gentes e tão desconhecida. Vamos lá, está na hora de abrir o maravilhoso aos olhos das gentes, tão arredias da beleza, do encanto. Ó Senhores responsáveis! Coloquem no mapa o que resta do paraíso. Bem, continuando lá continuámos com toda aquela profusão de cores e sons e manifestações de galanteio (alguém que faz a corte a outro) e tudo o mais que queiram, nada faltou. A final lá fomos submetidos a uma prova oral sobre a fauna e a flora desta região. Claro que, como é hábito, só alguns foram chamados, os outros esconderam-se atrás dos companheiros e lá se safaram. Mas há sempre alguém que não escapa à chamada oral. Em sorte, coube a este que agora vos escreve esta crónica dissertar sobre a “carriça” e sobre a “cegonha branca”. Parece que não correu mal, mas a nota ainda não foi publicada. (o júri anda muito atarefado).

até breve

de barros

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Caminhada nº7 2009

7 º TOCANDAR de 2009.

Dia: 09 de Maio 2009



Percurso: Cabreia e Minas do Braçal (Sever do Vouga)

A Ficha Técnica:
Distância: 10 km

Tempo Previsto: 02h30m
Desníveis: alguns

Nível Dificuldade: Média



As Horas:
08h30 Em frente Café Zinor-Esgueira.
09h30 Inicio percurso.
12h00 Fim percurso
12h30 Regresso



Inscrições: Todos os que aparecerem estão inscritos.